Jornal "Correio da Manhã",
14 de abril de 2003.
Num canal de
televisão norte-americano, passava em tempos um programa semanal intitulado “Os
criminosos mais estúpidos da América”.
A
ideia nasceu na cabeça do produtor depois de este verificar que os seus filhos
se entusiasmavam com séries do tipo “Mistérios por resolver”, que retratam
casos de crimes perfeitos, em que a polícia é vencida.
Como
contraponto, o profissional da televisão resolveu conceber um espectáculo em
homenagem aos criminosos menos hábeis.
Na
realidade, a maior parte dos delinquentes não são profissionais ou cérebros
particularmente dotados. Muitos deles são alcoólicos ou toxicodependentes, cuja
violência é irracional, estando dispostos a tudo para arranjar algum dinheiro.
Outros são indivíduos perfeitamente normais, que um dia fizeram o maior
disparate da vida deles.
Como
muitos estabelecimentos e até vias públicas são dotadas de câmaras de
vigilância com gravação, as respectivas cassetes de video permitiam fazer um
divertido programa de televisão.
Eram
inúmeros os casos de indivíduos que, apanhados com armas proibidas ou droga no
bolso, explicavam que, na verdade, as calças não lhes pertenciam. Assim,
desconheciam que aqueles objectos ali se encontravam. Como se fosse muito
vulgar pedir emprestado um par de calças ... !
Um
matulão com cerca de um metro e noventa disse até que os jeans que envergava pertenciam à namorada, que se encontrava ao seu
lado. A rapariga tinha uma cintura correspondente a menos de metade da dele.
Como o polícia chamou a atenção para o facto, o homem, sem perder a calma,
disse: “É que ela emagreceu !”. É de presumir que a jovem não o tenha ido
visitar muitas vezes à cadeia.
Aqui
há tempos, deparei-me com um caso insólito.
Um
indivíduo de 81 anos de idade vivia sozinho em casa. Às oito da manhã, acordou
e não ganhou para o susto. Debaixo da sua cama, encontrava-se um assaltante a
dormir, com uma meia de vidro enfiada na cabeça.
O
dono da casa telefonou para a polícia. Os agentes da autoridade não conseguiram
acordar o meliante, tão profundo era o seu sono. Levaram-no ao colo para a
viatura policial e só a caminho da esquadra é que ele despertou.
O
que é que se tinha passado? No dia anterior, o intruso estivera a beber até
ficar completamente embriagado. Decidiu então ir assaltar uma casa. Quando já
se encontrava lá dentro, ouviu o dono da mesma meter a chave à porta.
Imediatamente, escondeu-se debaixo da cama. O tempo passou e a bebedeira
convidou ao sono.
Interroguei-o
e ele só me respondia que não se lembrava de nada. Apenas se recordava de
acordar quando ia a caminho da esquadra.
Perguntei-lhe
como é que se introduzira dentro da habitação, já que não havia sinais de
arrombamento, fazendo presumir que ele recorrera a chaves falsas. Disse que não
fazia a mínima ideia e ainda sugeriu que alguém o tivesse posto lá dentro de
casa.
Abri
um envelope e, com alguma repugnância, peguei na meia de vidro que ele tinha
envergado, ao mesmo tempo que lhe perguntava porque razão a colocara na cabeça.
Também me garantiu não saber para que serviria a meia.
Ele
há com cada um...